A que fim destinamos este Blog

Desde quando somos concebidos, Deus designa um Anjo Custódio para nos proteger e acompanhar durante toda a nossa vida. Quando morremos, é nosso Anjo da Guarda que nos leva ao Céu, e somente lá termina sua missão. Infelismente, no estado moral lastimável em que se encontra o homem de hoje, a fé muitas vezes é misturada com superstição. Essa mistura supersticiosa pode ser por ignorância ou mesmo por maldade (pelos inimigos da Igreja) que não podendo "destruir" as coisas de Deus, inventam e deturpam a realidade admirável dos Anjos: inventam "a hora em que o anjo ouve sua prece", difundem ou mesmo desenham e esculpem imagens de anjos com fisionomias estranhas ou misteriosas. Em época de decadência moral os anjos sempre foram perseguidos: Nas cidades de Sodoma e Gomorra quando dois Anjos foram avisar Lot que saísse com sua família por que o Senhor iria destruír aquelas cidades, os habitantes queriam adentrar na casa de Lot para fazer mal aos Anjos (Gênesis 19, 5-8), tal o vício do pecado naquela região.

Mas nós Católicos devemos separar o "joio do trigo" e devemos repudiar as distorções supersticiosas sobre os anjos e nos afastar das estampas e imagens de anjos estranhas à nossa fé.

Por isso convido a TODOS: CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS a venerarem verdadeiramente o seu anjo da guarda, não com superstição, mas como ensina a Santa Doutrina Católica Apostólica Romana.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Há 1.300 anos atras


Eu já postei sobre o Monte São Miguel (ou Mont Saint Michel), colocando duas fotos belíssimas desse precioso mosteiro que em época de Maré Cheia fica "ilhado" se isolando do mundo para "viver" no mar. Agora tomei conhecimento que ele foi construido em plena Alta Idade Média - a época de ouro da Igreja. Abaixo está na íntegra o artigo publicado pelo maravilhoso Blog Castelos Medievais:

Em 1º de maio, o santuário, abadia e fortaleza do Monte Saint-Michel comemora seus 1.300 anos.

Foi fundado no remoto ano de 708 sobre o monte Tombe, na Normandia, França.

Os festejos incluem mostras, concertos e colóquios.

A restauração dos prédios da mítica ilha-abadia e a recuperação do seu caráter insular exibirão grandes progressos para este aniversário.

Quando os prédios modernos atingem um certo número de anos ficam abandonados, sujos e decrépitos e só se pensa em demoli-los para fazer qualquer outra coisa em seu lugar.

Mas os prédios medievais quanto mais antigos mais inspiram veneração e desejo de resguardá-los, ainda que custe muito dinheiro.

É que eles são portadores de uma coisa que não tem preço: a bênção e a unção sobrenatural da Civilização Cristã.

Acrescida, no caso do monte-abadia, da inegável ação de presença do general em chefe das milícias celestes, o Arcanjo São Miguel.

sábado, 23 de julho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O anjo da guarda, nosso melhor amigo


Ao criar o homem com corpo e alma — com idéias, desejos e sentidos —, Deus o dotou de qualidades e perfeições para que fosse o rei da criação animal, vegetal e animal. Contudo, tendo nossos primeiros pais sido induzidos pela serpente a comer o fruto proibido para se tornarem iguais a Deus, romperam com Ele e trocaram o Paraíso terrestre pelo vale de lágrimas.

A Escritura Sagrada mostra o efeito desastroso daquele pecado de orgulho e desobediência, conhecido como pecado original: “Disse (Deus) à mulher: multiplicarei os teus trabalhos e, em teus partos, com dor darás à luz os filhos.

“E disse a Adão: porque destes ouvidos à voz da tua mulher, e comeste da árvore, de que eu te tinha ordenado que não comesses, a Terra será maldita por tua causa; tirarás dela o sustento com os trabalhos penosos todos os dias da tua vida.

“Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que fostes tomado; por que tu és pó e em pó hás de tornar”. (Gn, III, 16 e ss.)

Dificilmente poderia a humanidade salvar-se nessa nova situação, pois o castigo que a partir de então pairou sobre ela poderia levá-la à revolta e ao desespero. Mas o Deus de justiça é também o Deus de bondade. Utilizou-se de sua infinita misericórdia e prometeu socorrer o gênero humano através de um futuro Redentor.

E amaldiçoou a serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela e Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar”. Por isso mesmo, o homem sempre foi alvo da fúria e perseguição do demônio.

Ai de nós, degredados do Paraíso, se não fosse o auxílio constante de Deus, de sua Mãe Santíssima, dos anjos e dos santos! Sucumbiríamos sob o peso de nossos pecados. Os Livros Sagrados sempre nos apresentam os anjos vindo em socorro e defesa do gênero humano.

Este mesmo Deus, que expulsou com toda a justiça nossos primeiros pais do Paraíso, ofereceu-se em holocausto para salvar cada homem, para salvar este homem que sou eu! Fez-nos herdeiros d’Ele e de todo seu tesouro. Para velar sobre cada um de nós, deu-nos um anjo protetor que se chama anjo da guarda.

Ele nos foi dado para nos proteger nesta Terra e nos conduzir ao Céu. “Porquanto mandou aos anjos acerca de ti, que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl. 90, 11). Os espíritos celestes que louvam e servem a Deus, também nos amam e nos querem bem, intercedem por nós e nos protegem a alma e o corpo.

O anjo da guarda é o anjo que Deus concedeu a cada um de nós, “Vede, não desprezeis nenhum destes pequeninos: porque, digo-vos, os seus anjos no Céu vêem incessantemente a face de meu Pai” (Mt XVIII, 19).

Retornarei ao tema proximamente.

Texto escrito pelo Pe. David Francisquini
Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

Fonte: http://agenciaboaimprensa.blogspot.com/

domingo, 5 de junho de 2011

Monte Saint Michel


Monte Saint Michel, antigo mosteiro na França dedicado ao Arcanjo São Miguel

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Aparição de São Miguel no Monte Gargano


Nos os fins do século V, quando na cadeira de São Pedro regia a Igreja o Papa São Gelásio, um pastor que apascentava uma manada de vacas no alto do Monte Gargano, na Itália, província da Apúlia, querendo obrigar um novilho a sair de uma caverna onde se refugiara, desferiu lá dentro uma flecha, a qual retrocedeu com a mesma velocidade,vindo ferir quem a lançara.

Este fato causou admiração nos que presenciaram este acontecimento e a notícia foi longe e chegou também aos ouvidos do Bispo de Siponto, cidade que ficava no sopé da montanha.

Julgou ele tratar-se de algum misterioso sinal da parte de DEUS e ordenou um jejum de três dias em toda a diocese, pedindo ao SENHOR se dignasse revelar-lhe do que se tratava. DEUS escutou as orações do Prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel declarando-lhe que o SENHOR queria que a ele. Anjo tutelar da Igreja, e aos outros Anjos, se edificasse naquela caverna, onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e proteção, como Anjo custódio da Igreja Católica.

Tendo o Bispo comunicado ao povo a visão que tivera e o que lhe fora pedido, foi ele próprio, com muita gente, observar o local. Encontraram uma caverna espaçosa em forma de templo, cavada na rocha, com uma fenda natural na abóbada, de onde jorrava a luz que a iluminava. Nada mais era preciso que pôr um altar-mor para celebrar os Divinos Mistérios. Levantado o altar, o Bispo consagrou-o. Todos os povos vizinhos acudiram para a cerimónia cheios de alegria e a festa durou vários dias.

Nunca mais até hoje se deixou de celebrar ali a Santa Missa, como também os outros ofícios litúrgicos,e DEUS consagra este lugar através dos séculos, com graças e milagres de toda a espécie, em favor dos que lá acorrem, doentes de corpo e alma, mostrando quanto Lhe é grata a devoção em honra do glorioso arcanjo São Miguel que defendeu, quando da revolta de lúcifer, a fidelidade ao DEUS Uno e Trino, soltando este grito: AMIGOS, QUEM E COMO DEUS?

O Santuário do glorioso Arcanjo na gruta do Monte Gargano, é considerado um dos mais célebres e devotos de todo o Mundo. A Igreja, para atestar este fato histórico, marcou para o Calendário Litúrgico Universal a Festa Comemorativa desta aparição, no dia 8 de maio. Esta festa foi obrigatória para toda a Igreja até à nova reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Atualmente, só é obrigatória na diocese de origem e em alguns calendários particulares.

O Monte Gargano onde está este santuário, fica perto do convento de Nossa Senhora da Graça, onde viveu e morreu o célebre estigmatizado Padre Pio de Pietrelcina, falecido em odor de santidade e já canonizado.

Fonte: http://www.saomiguelarcanjo.org/monte_gargano.htm

sábado, 9 de abril de 2011

Mais uma aparição de Nossa Senhora aprovada pela Igreja

Por decreto de Mons. Ricken, bispo de Green Bay (EUA), são consideradas dignas de crédito as aparições da Santíssima Virgem à Irmã Adele Brise em 1859.

Foi o que noticiou a Revista Catolicismo de março de 2011. Vejamos trecho da história, escrito pelo grande católico Valdis Grinsteins para a mencionada revista:

Quando jovem, Adele Brise viveu na Bélgica, origem de sua família. Pertenceu a um grupo de fervorosas amigas, que tinham feito promessa de se tornarem religiosas. Mas em meados do século XIX seus pais decidiram emigrar da Bélgica rumo aos Estados Unidos, um país novo e meio desconhecido. Pior ainda, não iriam para uma cidade ou região já civilizada, mas se estabeleceriam no Wisconsin, então um local na fronteira entre a civilização e o desconhecido. Nem indícios de conventos havia por lá. Enquanto as amigas cumpriam a promessa, aos 24 anos ela obedeceu aos pais e partiu com seus familiares para o outro lado do mundo. Na região os imigrantes tendiam a ficar em fazendas muito distantes entre si; e devido à falta de igrejas, capelas ou escolas, iam perdendo a fé por falta de práticas religiosas.

Em outubro de 1859, Adele ia ao moinho levando um saco de grãos na cabeça, quando viu entre duas árvores uma Senhora vestida de branco. Assustada, não se moveu. A Senhora nada disse, e lentamente desapareceu, deixando uma nuvem branca no local. Adele terminou sua tarefa e retornou para casa, onde comentou com os pais o sucedido. Estes julgaram que talvez se tratasse de uma alma do Purgatório que necessitava de orações. No domingo seguinte ela saiu para ir à missa, acompanhada de sua irmã e uma vizinha. A igreja ficava a 17 quilômetros de distância, e para lá chegar era necessário passar pelo mesmo local da aparição. Novamente Adele viu a Senhora de branco. Suas companheiras nada viram, mas ficaram impressionadas com o temor que notavam em Adele. Depois de algum tempo ela disse que a Senhora tinha desaparecido. Conversando sobre o assunto, concluíram novamente que seria uma alma do Purgatório.

Após a missa, Adele se confessou com o Pe. Verhoef e narrou-lhe os dois episódios. O sacerdote disse-lhe para não ter medo, e que perguntasse à Senhora de branco o que desejava; se fosse uma mensageira de Deus, não lhe faria qualquer dano. No caminho de volta, no mesmo local, Adele viu novamente a Senhora, e desta vez notou que tinha uma fita amarela na cintura. Seguindo as indicações do confessor, perguntou:

“Em nome de Deus, quem sois e o que desejais?”.

E a Senhora lhe respondeu:

“Sou a Rainha do Céu, que reza pela conversão dos pecadores, e desejo que faças o mesmo. Recebeste a Sagrada Comunhão hoje de manhã, e isso é bom. Mas tens que fazer mais ainda. Deves fazer uma confissão geral e oferecer a comunhão pela conversão dos pecadores. Se eles não se converterem e não fizerem penitência, meu Filho será obrigado a puni-los”.

Nesse momento as duas companheiras perguntaram a Adele com quem ela falava, pois não viam nada. Ela simplesmente lhes disse:

“Ajoelhem-se, pois Ela diz ser a Rainha do Céu”.

E as duas companheiras assim fizeram obedientemente, o que alegrou a Santíssima Virgem, pois disse: “Bem-aventurados os que acreditam sem ver”. E voltando-se para Adele, acrescentou:

“Que fazes aqui parada, enquanto tuas companheiras trabalham na vinha de meu Filho?”.

Era uma alusão direta ao fato de suas companheiras belgas terem cumprido a promessa de se tornarem religiosas, mas ela ainda permanecia como leiga. Ouvindo a reprovação de Nossa Senhora, ela se comoveu e perguntou:

— O que mais posso fazer, querida Senhora?

— Reúne as crianças deste país e mostra-lhes o que deveriam saber para se salvarem.

— Mas como lhes ensinarei, se eu mesma sei tão pouco?

— Ensina-lhes o catecismo, como fazer o sinal da cruz e como se aproximarem dos sacramentos; isso é o que desejo que faças. Vai e não tenhas medo. Eu te ajudarei.

Após este breve diálogo a Senhora levantou as mãos, como implorando uma bênção sobre aquelas que estavam a seus pés, e desapareceu lentamente. Estimulada pela aparição, Adele começou a reunir as crianças e ensinar-lhes os princípios da fé católica. Em meio a numerosas provações, conseguiu construir uma escola para a finalidade, assim como congregou outras jovens para ajudá-la.

Realizou também muitas peregrinações apostólicas para conclamar os pecadores à conversão. Nessa missão, ela chegava a caminhar mais de 80 quilômetros no meio de florestas, passando por todo tipo de perigos.

Finalmente em 1896, com a idade de 66 anos, Adele faleceu no cumprimento de sua vocação e foi enterrada na capela construída no local das aparições.

domingo, 13 de março de 2011

Ação angélica quase desconhecida: o governo do universo material


A festa dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, que a Igreja comemora no dia 29 de setembro, dá-nos oportunidade de voltar a um tema bastante olvidado nos dias de hoje: a existência dos anjos e sua atuação no Universo criado por Deus. É notório o fato de que, de um modo ou de outro, os anjos há muito tempo vêm sendo esquecidos, quando não vistos de maneira bastante unilateral e às vezes distorcida.

Embora não sejam poucas as alusões aos puros espíritos tanto no Antigo como no Novo Testamento, na vida espiritual e nas atividades quotidianas dos católicos hodiernos, a presença dos anjos é praticamente desconhecida. Quase não se fala deles.

Entretanto, não só a Sagrada Escritura, mas os Padres e Doutores da Igreja abordaram com freqüência temas como os referentes à natureza e aos vários coros de anjos, bem como às múltiplas formas de sua ação. Dentre estas, merece ser realçada o governo do universo material, que constitui o objeto primordial do presente artigo.

Convido o leitor a um breve passeio na floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, à noite. A cor do céu é de um azul profundo, as estrelas cintilam como brilhantes, a lua é branca como a neve. A temperatura está fresca, algumas palmeiras imperiais balançam majestosamente ao sopro do vento. Um cão, o fiel amigo do homem, nos acompanha.

– Linda cena!, exclamará alguém.

Não há dúvida. Mas não será a primeira vez que semelhante exclamação brota de lábios humanos ao observar o universo, que os gregos chamavam cosmos. Examinando a natureza, compreenderam que ela estava em ordem e era bela. Daí o fato de denominarem o universo de cosmos.

É normal que, na admiração do universo, os homens façam muitas perguntas para as quais, obviamente, desejam obter respostas. Se bem que todo homem tenha algo de filósofo –– o homem é um animal racional! –– nem sempre pode, por si mesmo, acertar, procurando dar respostas a tantas e tantas questões, como as que surgem da observação da maravilhosa ordem da natureza. Nessas respostas, tanto filósofos gregos, quanto de todas as épocas encontraram dificuldades.

Nós, porém, contamos com o potente auxílio da Santa Igreja Católica, única, plena e totalmente detentora da Verdade. Na doutrina teológica e filosófica, elaborada sob seu influxo benéfico, buscaremos as respostas a tantas indagações legítimas.

Para isso, recorreremos ao Doutor Comum Universal, o admirável Santo Tomás de Aquino. Apresentaremos em notas, no fim deste artigo, indicações das obras desse insigne Doutor, nas quais se encontram os fundamentos das afirmações que figuram no presente texto.

Deus fez as criaturas para transmitir sua bondade e representá-la mediante os seres criados. Mas Ele necessitou fazê-los distintos e desiguais, para representar de maneira mais perfeita a bondade divina(1) ou, em outras palavras, o Criador fez algumas criaturas simples, outras compostas; umas corruptíveis, outras incorruptíveis(2). Ou seja, Deus criou os anjos, homens, animais, plantas, astros e minerais, pois se todas as coisas fossem iguais o todo não seria perfeito(3).

Tanto os anjos como as criaturas corporais constituem um só universo(4). Os anjos foram criados juntamente com as criaturas corporais(5), embora pudessem ter sido criados antes(6).

Todas as coisas – absolutamente todas – foram criadas diretamente por Deus(7) E as criaturas corporais foram criadas por Ele sem o auxílio dos anjos(8).

Os corpos são governados pelos anjos

Deus é a causa da ação de qualquer criatura, na medida em que lhe dá força para agir, enquanto as conserva, as inclina à ação, e enquanto por sua força [da Providência], as outras forças agem(9). Todas as criaturas corporais são governadas pela Providência divina, contudo por meio dos anjos. Pois a “providência dos anjos é universal e estende-se sobre todas as criaturas corporais. Donde se deve dizer, conforme as sentenças dos santos, que desta maneira os corpos são administrados por meio dos anjos; ou seja, enquanto movem os corpos superiores, por cujo movimento causam o movimento dos corpos inferiores”(10).

Naturalmente é preciso uma grande multidão de anjos para exercer o governo das coisas criadas. Não é de estranhar, pois, que Santo Tomás diga, em sentença muito expressiva, que o número dos anjos “é finito para Deus, mas infinito para nós [homens]”(11). Essa multidão como que infinita de anjos está ordenada hierarquicamente, conforme explica Santo Tomás em nove coros, e cabe ao quinto coro –– o das Virtudes –– reger a natureza corpórea, além de receber de Deus um poder especial para realizar alguns milagres que, por sua natureza, os anjos não teriam capacidade de realizar(12).

Eis algumas razões que o Doutor Comum apresenta para o governo dos anjos sobre a criação corpórea:

“É norma geral tanto na ordem das coisas humanas como na das naturais, que a potestade particular seja governada e regida pela potestade universal.... É manifesto que a força de qualquer corpo é mais particular que a força da substância espiritual... Assim como os anjos inferiores, que têm formas menos universais, são regidos pelos superiores, do mesmo modo todas as coisas corporais são regidas pelos anjos”(13).

Argumenta ainda Santo Tomás que, “segundo a ordem da Providência divina em todas as coisas, os seres móveis e variáveis são movidos e governados pelos imóveis e invariáveis; como os , corpos todos pelas substâncias espirituais e imóveis, e os corpos terrestres pelos celestes, que são substancialmente invariáveis”(14).

Na ação dos anjos como na dos demônios sobre as coisas visíveis – pela qual podem mudar, se desejarem, a forma de uma coisa, como fazer, por exemplo, variar a cor de uma planta –, eles se servem para isso de germens corporais.
[...]

Texto de José Maria Rivoir

Obras Consultadas:
1. Suma Teológica, I. q. 47, a. 1 et 2.
2. De Potentia, q. 3, a. 16.
3. De Substantiis Separatis, c. 12.
4. Suma Teológica, I. q. 61, a. 3, e De Potentia, q. 3, a. 18.
5. De Potentia, q. 3, a. 18; Suma Teológica, I q. 61, a. 3; II Sententiae D. 2, q. 1, a. 3; e D. 12, q. 1, a. 2; e De Substantiis Separatis c. 17, D.
6. De Potentia q. 3, a. 19 .
7. Suma Teológica, I q. 44, a. 1. e De Polenlia q. 3, a. 5.
8. Suma Teológica, I q. 65, a. 3.
9. De Potentia q. 3, a. 7.
10. De Veritate q. 5, a. 8; Suma Teológica, I. q. 61, a.4; De Subslanliis Separatis c. , II;Suma Contra Genliles IIl, cc. 76 a 79.
11. II Sententiae D. 3, q. 1, a.3.
12. Suma Contra Gentiles lII, 80; SumaTeológica, I q. 113, a. 3; II Sententiae D. 9, q. 1, a. 3 e Comp. Theol. c. 126.
13. Suma Teológica, I q. 110, a. 1.
14. Suma Teológica, I q: 113, a. 1.
15. Suma Teológica, I q. 105, a. 1 ad 1; De Maio q. 16, a. 9.
(Revista Catolicismo de Setembro de 1992)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Devoção ao anjo da guarda


Havemos de venerar e invocar devotamente o santo anjo da guarda porque:

1. ele é um eminente príncipe da corte celeste;

2. ele nos foi designado por Deus como nosso companheiro, protetor e guia.

Lembra-te sempre de sua presença, e nunca faças à vista dele o que não ousarias fazer à vista de tua mãe.

Em todos os perigos corporais e espirituais, invoca-o e segue suas inspirações.

Não te esqueças de que também o teu semelhante tem o seu anjo custódio.

Saúda também a este anjo muitas vezes, e regula o teu procedimento com o próximo de conformidade com essa verdade.

Fr. Antônio Wallenstein, O.F.M., Catecismo da Perfeição Cristã, Editora Vozes, Petrópolis, 1956, III edição.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os Anjos – Parte 3


Serafins enviados em missões na Terra

Ao ler as Sagradas Escrituras, constatamos fatos admiráveis a respeito de anjos em favor dos homens. Por exemplo, um anjo lutou com Jacó a noite toda, e não pôde prevalecer contra ele (Gen. 32, 22-25); outro desceu do Céu para despertar e animar o profeta Elias e dar-lhe de comer (I Reis 19, 5-8). Para defender o povo escolhido, o anjo do Senhor apareceu no campo dos assírios e feriu 185 mil homens; no dia seguinte pela manhã só havia cadáveres (II Reis, 19,35). E ainda outro levou o profeta Habacuc pelos cabelos até Babilônia, para dar de comer ao profeta Daniel na cova dos leões (Dan. 32-35), e fechou a boca dos animais famintos para que não despedaçassem esse Profeta (Id. 6, 21). Foi também um anjo que, depois de ter levado o diácono Felipe para batizar o eunuco etíope de Candace, Rainha da Etiópia, levou-o depois pelos ares até a cidade de Azoto (Atos 8, 26-40).

São Paulo diz que todos os soberanos espíritos angélicos são ministros do Senhor, enviados para o bem dos que hão de herdar a salvação e a bem-aventurança eterna. E afirma o real profeta: “Bendizei ao Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos, que executais as suas ordens e obedeceis as suas palavras” (Sl 102, 20).

Entretanto, segundo teólogos e doutores, os anjos dos três primeiros Coros comumente não são enviados aos homens. Somente em algumas ocasiões muito importantes podem vir até nós, visando nosso bem. Assim, São Gabriel Arcanjo, que disse de si mesmo que era um dos que “assistiam diante do trono de Deus” (isto é, segundo alguns, um Serafim), “desde o primeiro ano de Dario medo, estava junto dele para o sustentar e fortificar” (Dan. 11, 1). Foi enviado também ao sacerdote Zacarias para anunciar-lhe o nascimento do Precursor, e à Virgem Santíssima para pedir-lhe o consentimento para a Encarnação do Verbo de Deus. São Rafael, que também disse de si que era “um dos sete (espíritos principais) que assistimos diante do Senhor” (Tob. 12, 15), portanto, também seria um Serafim, foi escolhido para guiar Tobias. E, de São Miguel, é dito também, no livro de Daniel (10, 13), que é “um dos primeiros príncipes” (da Corte Celeste). E acrescenta que foi incumbido de ser protetor do povo hebreu. São Miguel também, segundo São João, “guerreou contra o dragão”. Na era da Redenção, ele é o anjo tutelar da Santa Igreja.

Foi um Serafim quem purificou os lábios de Isaías com um carvão ardente, antes que ele começasse a pregar (Is 6, 6). Por outro lado, foi um querubim o anjo enviado ao Profeta Ezequiel sob a aparência de uma figura misteriosa (Ez 1, 4-28).

(Escrito por Plínio Maria Solimeo
Revista Catolicismo – Setembro de 2005)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Anjos - Parte 2


Considerando os anjos dos três primeiros Coros angélicos, os do primeiro, os serafins (do grego “séraph”, abrasar, queimar, consumir), excedem os anjos dos demais Coros no fervor de sua caridade. Os querubins (do hebreu “chérub”, que São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam como “plenitude de sabedoria e ciência”) excedem os dos Coros inferiores na plenitude de sua ciência. No terceiro Coro da primeira hierarquia temos ainda os tronos, chamados algumas vezes de sedes Dei, sedes do Todo Poderoso, que excedem os dos demais Coros inferiores no ver a Deus e, com mais perfeição, na compreensão da razão de suas divinas obras.

Os anjos dos três Coros seguintes estão mais relacionados com a conduta geral do universo. Aqueles que distribuem aos anjos inferiores suas funções e seus ministérios são chamados Dominações. Os que executam as grandes ações que dizem respeito ao governo universal do mundo e da Igreja, e que operam para isso prodígios e milagres extraordinários, são chamados Virtudes. Aqueles que mantêm nas criaturas a ordem desejada pela divina Providência e impedem eficazmente que esta seja perturbada pelos esforços dos demônios e de qualquer outra causa maligna, são chamadas Potestades.

Enfim, os anjos dos três Coros inferiores são os que mantêm relação com a conduta particular dos Estados e das pessoas, que presidem os países, as províncias e as dioceses. Os Principados são os que têm uma intendência mais estendida e mais universal. Os que são enviados por Deus para executar tarefas de maior importância e levam as mensagens mais consideráveis são chamados Arcanjos. Finalmente, os que têm como missão a guarda de cada homem em particular, para o desviar do mal e o encaminhar ao bem, defendê-lo contra seus inimigos visíveis e invisíveis e conduzi-lo à salvação, são chamados anjos, “pela apropriação que lhes foi feita em particular do nome comum a todos os espíritos celestes”.

(Escrito por Plínio Maria Solimeo
Revista Catolicismo – Setembro de 2005)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Os Anjos - Parte 1


Segundo a opinião de vários Doutores da Igreja, os Anjos foram criados logo no início da criação do universo. São incorruptíveis e imortais, pois, como não têm corpo, não estão sujeitos à morte, frio ou calor, fome e sede, cansaço e enfermidade, nem às outras misérias a que está submetido o corpo humano. São dotados de uma mobilidade espantosa em sua ação, como não há símile na Terra, pois têm a mobilidade do pensamento. Assim, para eles, basta pensar e desejar para estar em qualquer parte. Por outro lado, o seu entendimento não é discursivo; basta-lhes ver, para conhecer cada coisa em sua essência, de modo muito mais completo que o conhecimento humano. Desde sua criação, têm um conhecimento perfeito e consumado de todas as coisas que se podem conhecer naturalmente. Ademais, sua vontade é constante e eficaz, querendo eles tão cabalmente o que desejam, que nunca se apartam do que escolheram. Por isso, do pecado dos anjos maus decorreram conseqüências infinitas, pois a escolha que fizeram foi de uma vez para todo o sempre.

Quantos são esses ministros do Senhor, como os chama São Paulo? São João, no Apocalipse, diz: “E ouvi a voz de muitos anjos em volta do trono [...] e era o número deles milhares de milhares” (Apoc. 5, 11). O Profeta Daniel, falando também de seu número, diz: “Eram milhares de milhares [os anjos] que o serviam, e mil milhões os que assistiam diante d'Ele” (Dan. 7, 10). Acrescenta o pseudo-Dionísio que o número dos anjos excede ao das coisas corporais e materiais. Pois Deus, em sua perfeição e em seu poder infinitos, criou seres tanto mais numerosos quanto mais perfeitos eram em si mesmos.

Os anjos são os principais ministros da Divina Providência para reger e conservar o mundo. São eles que presidem os movimentos do mundo sideral e, com sua concertada ação e influência, regem toda a vida, variedade, distinção e beleza que há nas criaturas corporais. Eles presidem os países, províncias, Estados e cidades, são os conservadores de todas as espécies visíveis, distribuidores dos dons e executores da vontade de Deus.

Cada homem, desde o primeiro até o último que for criado, teve, tem e terá, como nos ensina a Santa Madre Igreja, um anjo da guarda. A única exceção foi para Nosso Senhor Jesus Cristo em sua natureza humana. Pois, como também é Deus, não teve necessidade de anjo que O guardasse.

Tendo assim todos os homens um anjo custódio — não havendo nisso exceção para bons ou maus, fiéis ou infiéis — são eles milhões e milhões.

Maravilha ainda maior é que cada anjo difere do outro como único em sua espécie, como um infindável campo coalhado de numerosíssimas flores, em que não houvesse duas da mesma espécie. Assim é o universo angélico.

Pelo que sabemos dos anjos inferiores, sendo já tão grande sua perfeição e excelência, como serão
os serafins? Como será São Miguel Arcanjo, Príncipe da Milícia celeste, que, segundo alguns autores, ocupa o lugar supremo na Hierarquia angélica?

(escrito por Plínio Maria Solimeo
Revista Catolicismo – Setembro de 2005)